Um homem de 61 anos, suspeito de sequestrar e abusar de uma menina de 9 anos em Tramandaí, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, foi morto após ser linchado por moradores. A criança foi resgatada na manhã desta quarta-feira (14) pelo 2º Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), após quase um dia desaparecida.
De acordo com a Brigada Militar, a menina desapareceu na tarde de terça-feira (13), enquanto brincava sozinha em uma praça localizada na Rua São Marcos, no bairro Parque dos Presidentes. A mãe registrou um boletim de ocorrência ainda na noite do mesmo dia, e vizinhos organizaram buscas pela região, espalhando cartazes e circulando com um carro de som, mas sem sucesso.
Pela manhã, por volta das 10h, equipes do BPChq, com apoio do Setor de Inteligência, localizaram a menina em uma loja de conveniência no mesmo bairro. Ela estava presa dentro de um esconderijo subterrâneo nos fundos do estabelecimento, com as mãos amarradas. Ao ouvir a movimentação dos policiais, gritou por socorro, facilitando o resgate.
O local onde a vítima estava escondida era um compartimento camuflado no chão, coberto por uma tampa de concreto e caixas de cerveja. Segundo a Brigada Militar, o suspeito teria atraído a menina com um picolé antes de prendê-la no local.
O comandante do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Litoral (CRPO Litoral), coronel Artur Marques de Barcellos, relatou que a estrutura lembrava um bunker: “Parecia um cativeiro subterrâneo, com uma entrada de 50 centímetros de largura e pouco mais de um metro de profundidade, se estendendo na horizontal. A tampa era de concreto, o que dificultava a localização.” Apesar do trauma, a menina passa bem.
Assim que a notícia do resgate se espalhou, dezenas de moradores se reuniram em frente ao estabelecimento, indignados com o crime. O protesto rapidamente se transformou em um ataque ao suspeito, que foi agredido com socos, chutes, pedras, garrafas e tijolos.
Os policiais tentaram conter a fúria da multidão utilizando gás lacrimogêneo, balas de borracha e bombas de efeito moral. No confronto, um policial foi atingido por uma garrafa e sofreu ferimentos no braço.
Mesmo com a intervenção da Brigada Militar, o suspeito foi espancado até perder a consciência. Ele chegou a ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu aos ferimentos.
Segundo informações da polícia, o homem possuía uma extensa ficha criminal, com registros por feminicídio, tráfico de drogas, furto de veículo, maus-tratos a animais e lesão corporal.
O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil, que irá apurar tanto o sequestro da criança quanto as circunstâncias da morte do suspeito.