No segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), pais e familiares de estudantes de todo o Brasil se reúnem nas portas dos locais de prova, movidos pela ansiedade e pelo desejo de verem seus filhos conquistando uma vaga na universidade.
Em São Paulo, essa torcida vem acompanhada de orações, mensagens de apoio e até de uma presença inusitada: Fifi, uma cachorrinha branca peludinha, que foi levada até a Unip Vergueiro, no centro-sul da capital paulista, para “torcer” pela estudante Catarina Cristina.
Catarina, que busca uma vaga no curso de Relações Internacionais, pediu que a mãe, Cláudia, levasse Fifi para dar uma dose extra de apoio. “Não é nem para dar sorte, porque eu tenho certeza que a Catarina vai se sair bem. Ela é muito dedicada. É para dar apoio, para mostrar que estamos aqui com ela”, contou Cláudia, segurando a cachorrinha no colo.
A mãe, que espera ansiosa o fim da prova, desabafa sobre o nervosismo e a expectativa do dia. “A gente fica com o coração na mão. Fico olhando o relógio o tempo todo, torcendo para dar tudo certo.”
Enquanto milhões de estudantes pelo país participam desse segundo dia de prova, que testa conhecimentos em ciências da natureza e matemática, a presença dos pais é quase sempre carregada de um misto de orgulho e apreensão. A prova, que desde sua criação em 1998 se tornou a principal porta de entrada para o ensino superior, é um momento decisivo para milhares de famílias.
Na mesma Unip Vergueiro, Vanessa e Sofia Monteiro, recém-chegadas do Rio de Janeiro, enfrentam a ansiedade juntas. Vanessa veio dar apoio para a filha Sofia, de 18 anos, que busca uma vaga em cinema e audiovisual. Após um ano de intensos estudos, mãe e filha tentam manter a calma. “Hoje estou mais tranquila. No primeiro dia eu estava muito nervosa”, conta Sofia, que aproveita o apoio da mãe para tentar amenizar o nervosismo.
A preparação para o Enem é uma verdadeira maratona para muitos, e o ano de estudo de Sofia não foi fácil. Ela descreve o processo como tenso, especialmente no final, quando a pressão aumenta. “No começo foi tranquilo, mas ao longo do ano a ansiedade foi crescendo. Nos últimos dias, foi bem tenso mesmo”, admite.
Vanessa, por sua vez, explica que tentou dar suporte emocional e encorajamento ao longo do ano. “A gente deseja sorte e apoia durante todo o período de preparação. No dia da prova, estar aqui é o mais importante”, afirma a mãe, que fez questão de acompanhar Sofia até a porta do exame.
Neste segundo dia, os estudantes terão cinco horas para responder a 90 questões de ciências da natureza e matemática. O exame é dividido em duas etapas de múltipla escolha, e os participantes só podem deixar a sala após duas horas do início.
Para levar o caderno de questões, precisam aguardar os 30 minutos finais da prova. No domingo anterior, os candidatos responderam a questões sobre linguagens, ciências humanas e ainda enfrentaram a redação, que teve como tema os “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.
Esse exame, que representa uma chance de acesso ao ensino superior para milhões de jovens brasileiros, é também um momento de união e apoio para milhares de famílias. Entre pedidos de sorte, orações e até o apoio de mascotes como Fifi, pais e mães aguardam do lado de fora com um coração cheio de orgulho e esperança, certos de que esse dia pode ser um divisor de águas na vida de seus filhos.