André Lorscheitter Baptista, de 48 anos, é um médico com longa carreira na saúde pública do Rio Grande do Sul. Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ele se dedicava ao atendimento de urgências médicas, trabalhando no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do estado.
No ambiente virtual, Baptista mantinha um perfil ativo nas redes sociais, onde compartilhava dicas de segurança, como orientações para apartar pequenos incêndios, e destacava temas importantes de saúde pública, como a vacinação e a prevenção de doenças. Ele também se posicionava contra a violência e o machismo, repostando conteúdos que criticavam falas misóginas e incentivavam o respeito à mulher.
Apesar de seu aparente compromisso com causas sociais, o caso recente revela uma face controversa desse profissional da saúde. Na última semana, Baptista foi preso preventivamente, acusado de ter matado sua esposa, a enfermeira Patricia Rosa dos Santos.
O crime, que ocorreu em 22 de outubro, é investigado como feminicídio, e o médico, que era visto como exemplo na comunidade, agora enfrenta acusações graves de abuso de substâncias controladas e manipulação de evidências.
Segundo a investigação policial, André Baptista teria utilizado seu conhecimento médico para planejar e executar a morte de Patricia. As evidências mostram que ele teria misturado o medicamento Zolpidem, conhecido por seu efeito sedativo, em um sorvete oferecido à vítima. O remédio é frequentemente prescrito para transtornos de ansiedade e problemas de sono, e sua administração sem supervisão pode ser perigosa.
Depois de Patrícia estar desacordada, Baptista teria injetado Midazolam, outro potente sedativo de uso hospitalar, diretamente em sua veia. A droga, que requer um acompanhamento rigoroso devido aos riscos de parada respiratória, foi aplicada de forma a evitar marcas visíveis, com a injeção feita discretamente em um dos pés da vítima.
Com Patricia já falecida, Baptista contatou os familiares, informando que a causa da morte teria sido um infarto agudo do miocárdio, e apresentou um atestado emitido por outro colega do Samu. A família, desconfiada das circunstâncias e abalada com a perda, solicitou uma autópsia que revelou a presença de substâncias sedativas em seu organismo, desmentindo a alegação inicial de morte por causas naturais.
A polícia segue reunindo provas para consolidar o caso, enquanto a prisão preventiva do médico está mantida. A investigação revelou indícios de que o crime foi premeditado, aproveitando-se do acesso e conhecimento que Baptista tinha de medicamentos controlados.
No entanto, o que mais chocou a sociedade foi a contradição entre a imagem pública de um médico que promovia segurança e combate ao machismo, e as acusações de um crime violento e covarde contra sua própria esposa.
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