Um caso de duplo homicídio, ocorrido em 5 de abril de 2021 e que ganhou grande destaque na mídia, volta à tona. Na ocasião, o casal Vanessa Silvestre Lisot, de 37 anos, e Adriano Camargo Leopold, de 28, foi surpreendido em sua residência, situada no distrito de Santa Lúcia do Piaí, na zona rural de Caxias do Sul.
Em setembro do ano passado, os quatro réus, que estão em prisão preventiva, estavam prestes a ser julgados, mas o julgamento foi prorrogado a pedido da defesa, devido à falta de um laudo de comparação genética no processo. Para evitar que isso levasse à nulidade do julgamento, a 1ª Vara Criminal decidiu cancelar a sessão.
Assim, a nova data para o júri foi remarcada para a próxima terça-feira, 8 de outubro, às 9h, no salão do Tribunal do Júri da cidade. Apesar de um novo pedido de adiamento por parte da defesa no início deste mês, o juiz decidiu manter a data estipulada.
O advogado Reginaldo Leonel Ferreira, OAB/RS 102.140, representará os familiares de Vanessa, que atuam como Assistentes, ajudando o Ministério Público na acusação.
Os quatro réus serão julgados por homicídio triplamente qualificado. A primeira circunstância qualificadora é de motivo torpe, uma vez que o crime teria ocorrido após a vítima cobrar uma dívida do réu Rudinei Obregon dos Santos, que atualmente tem 28 anos.
Além disso, incidem as qualificadoras de promessa de recompensa e do uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas, já que os réus teriam agido à noite, em local isolado, invadindo a propriedade por um caminho inusitado (através do milharal) e armados, em maior número, impossibilitando qualquer chance de fuga das vítimas.
Durante o processo, a defesa alegou que o crime deveria ser considerado feminicídio, já que ocorreu em um contexto de relacionamento íntimo entre a vítima e o réu. Caso essa tese fosse aceita, poderia resultar em uma pena mais severa para Rudinei. No entanto, tanto o juiz quanto o Tribunal de Justiça não acolheram essa argumentação, o que significa que os réus não serão responsabilizados por essa qualificadora.
Além dos homicídios qualificados, os quatro réus também enfrentarão acusações de ocultação de cadáver, sendo que um deles ainda responderá por porte de arma. As penas para cada homicídio podem variar entre 12 e 30 anos.
Segundo o advogado Leonel Ferreira, o júri deve iniciar na terça-feira, dia 8 de outubro, e possivelmente continuar até a quarta-feira, dia 9, devido ao grande número de testemunhas e à pluralidade de vítimas e réus.
A família das vítimas, conforme o advogado, “aguarda que a justiça seja feita plenamente, trazendo uma resolução para esse crime chocante que impactou não apenas os familiares, mas também o tranquilo distrito de Santa Lúcia do Piaí e toda a comunidade de Caxias do Sul”.
De acordo com ele, a acusação deve sustentar a condenação dos réus de acordo com a pronúncia e as decisões posteriores, o que será apoiado pelos Assistentes.
Na noite de 5 de abril de 2021, quatro homens invadiram a casa de Vanessa e Adriano, renderam o casal e trancaram o filho dela em um quarto. Na entrada da residência, Adriano foi executado. Os criminosos usaram o carro de Vanessa, um Ônix vermelho, para levar a vítima e o corpo de Adriano.
De acordo com a acusação, Vanessa foi também morta com um tiro na cabeça e seu corpo foi jogado de uma ribanceira de 60 metros, a aproximadamente 10 quilômetros da casa onde morava com seu filho. O corpo de Adriano foi descartado no mesmo local.
Quatro dias após o crime, em 9 de abril, com o auxílio de aeronaves da Brigada Militar e da Polícia Civil, o veículo de Vanessa foi encontrado carbonizado na estrada de Caravaggio da 6ª Légua. Com a ajuda de Rudinei, ex-namorado da vítima que confessou sua participação no crime, a equipe de policiais e moradores da região encontrou os corpos no dia 11. A operação foi tão difícil que um policial ficou ferido.
A motivação para os homicídios estaria relacionada a uma dívida que o mandante, Rudinei, tinha com Vanessa. Durante o relacionamento, ela teria emprestado R$100 mil a ele. Rudinei, por sua vez, alega que o dinheiro foi um presente e, no momento do crime, estava sendo cobrado por Adriano.
No inquérito policial, houve confissões, mas durante a ação penal, apenas o corréu Ricardo admitiu ter cometido o crime. Por decisão judicial, os quatro réus continuarão detidos até o julgamento no tribunal do júri.
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