Um ano após a explosiva Operação Capa Dura, que revelou um esquema de corrupção milionário na Secretaria Municipal de Educação (Smed) durante o governo do prefeito Sebastião Melo, Porto Alegre ainda se vê mergulhada em um mar de incertezas e desconfianças. Apesar das promessas de transparência e mudanças, a sensação é de que pouca coisa mudou na administração pública da cidade.
A operação, que resultou na prisão de vários altos funcionários e revelou um desvio de mais de R$ 58 milhões, deixou a população indignada e exigindo respostas. Na época, o prefeito Melo tentou se eximir de responsabilidade, jogando a culpa nas costas da ex-secretária Sônia da Rosa e demais envolvidos. Mas, convenhamos, isso não cola. Quem delega poder tem que assumir a responsabilidade pelo que acontece sob sua administração.
Roberto Robaina, vereador da oposição, não poupou críticas à gestão de Melo.
"É inadmissível que, em pleno século XXI, ainda tenhamos que lidar com esse nível de corrupção na nossa cidade. O prefeito Melo precisa ser responsabilizado. Não dá para simplesmente lavar as mãos e fingir que nada aconteceu," disparou Robaina em uma sessão da Câmara de Vereadores.
E como Melo responde a tudo isso? Durante a apresentação de uma força-tarefa para remover o lixo das ruas, ele foi questionado sobre a nova etapa da investigação. "O prefeito não compra livros, não faz licitação," disse Melo, tentando novamente se esquivar. Ele alega ter sido o primeiro a mandar investigar quando as denúncias surgiram e reforça que não compactua com corrupção. Porém, as palavras parecem vazias diante da magnitude do escândalo.
A Polícia Civil, na segunda fase da Operação Capa Dura, detectou que valores teriam sido repassados para que a ex-secretária Sônia da Rosa fechasse a compra de um apartamento avaliado em mais de R$ 500 mil em 2022. O empresário Jailson Ferreira da Silva, conhecido como Jajá, também está envolvido, acusado de intermediar o repasse de valores para a ex-secretária.
Jajá representava empresas que venderam livros para a Smed, totalizando mais de R$ 36,5 milhões em compras suspeitas entre junho e outubro de 2022.
Enquanto isso, as escolas de Porto Alegre continuam a sofrer. Os recursos que deveriam melhorar a qualidade da educação seguem comprometidos. Muitos pais e professores relatam a falta de materiais básicos e condições precárias de ensino. O dinheiro que deveria estar sendo investido na educação dos nossos filhos foi parar nos bolsos de corruptos.
Roberto Robaina enfatiza que a gestão Melo precisa ser mais transparente e responsável. "Tem gente que bota a corrupção para debaixo do tapete. O Brasil está cheio de políticos que fazem isso, que nós conhecemos. Eu nunca fiz isso na minha vida.
Doa a quem doer. Se tem compra errada, se tem licitação mal feita, se alguém fez algum erro, que pague por isso. A minha opinião continua a mesma desde quando eu nasci na política," concluiu Melo, numa tentativa desesperada de salvar a própria imagem.
Porto Alegre merece mais. Merece uma gestão que realmente se preocupe com a educação e com o uso responsável do dinheiro público. A população já está cansada de promessas vazias e escândalos de corrupção que se repetem ano após ano. A cidade precisa de mudanças reais e imediatas para garantir um futuro melhor para todos.