O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, causou alvoroço ao declarar que o Governo Federal não estava fornecendo os recursos prometidos para ajudar os desabrigados da capital gaúcha. Em uma entrevista recente, Melo afirmou que a administração federal não havia desembolsado "um centavo nos abrigos" e criticou a falta de ação concreta do presidente Lula. Porém, o governo rebateu veementemente essas acusações, chamando-as de "mentira".
Em uma entrevista publicada no site da VEJA, Melo criticou a resposta do Governo Federal às enchentes que afetaram Porto Alegre, ressaltando a gravidade da situação. "Tivemos cerca de 15.000 pessoas em 160 abrigos, comandados por voluntários da cidade que merecem de nós um monumento.
Hoje são cerca de 3.000, sem contar as pessoas em casas de parentes. O governo federal diz que vai resolver o problema. Porto Alegre hoje dispõe de 1.000 imóveis entre novos e usados que chegam na faixa dos 170.000 a 200.000 reais. Para ser contra a cidade acolhedora, acho que o presidente Lula já deveria ter comprado esse lote. Mas não. Não compra imóvel, não apresenta alternativa e ainda não coloca um centavo nos abrigos”, afirmou o prefeito.
A resposta do Governo Federal foi rápida e contundente. Por meio de uma nota da Secretaria de Comunicação Social (Secom), a gestão Lula desmentiu as alegações de Melo. "É mentira que o governo federal não dedicou recursos para os abrigos em Porto Alegre.
A verdade é que o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) destinou 3,11 milhões de reais em recursos para a prefeitura da capital gaúcha atender às demandas básicas da população por alimentação, abrigo e serviços de acompanhamento social”, afirmou a nota.
Segundo o governo, aproximadamente 25 mil moradores de Porto Alegre já foram beneficiados com esses repasses. Até o dia 20 de junho, o MDS disponibilizou mais de 28,8 milhões de reais para 97 municípios do Rio Grande do Sul que solicitaram o recurso para estruturar e manter alojamentos provisórios. "Até a referida data, foram 154.573 mil pessoas acolhidas nesses locais, desde o início das chuvas intensas no estado”, acrescentou a nota.
O governo também destacou que os recursos são liberados em cerca de 72 horas após o requerimento feito junto ao MDS, e que os repasses incluem materiais de limpeza e higiene, cobertores, colchões, entre outros itens essenciais. Além disso, afirmou que as ações em parceria com o estado e os municípios já reduziram de 80% para 20% o número de pessoas alojadas desde o momento mais crítico do desastre no Rio Grande do Sul.
Depois da divulgação da entrevista, o governo federal enviou uma nota à Redação da Veja contestando a declaração de Sebastião Melo de que a União não forneceu recursos para os abrigos. Leia a nota:
É mentira que o Governo Federal não dedicou recursos para os abrigos em Porto Alegre. A verdade é que o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) destinou R$ 3,11 milhões em recursos para a prefeitura da capital gaúcha atender às demandas básicas da população por alimentação, abrigo e serviços de acompanhamento social.
Na capital gaúcha, cerca de 25 mil moradores já foram atendidos com os repasses. Até, sexta-feira, 20, o MDS disponibilizou mais de R$ 28,8 milhões para 97 municípios gaúchos que solicitaram o recurso para estruturar e manter alojamentos provisórios. Até a referida data, foram 154.573 mil desabrigadas.
Outros R$ 141 milhões em recursos remanescentes para ações de assistência social no estado foram liberados pelo MDS. A medida flexibilizou o uso de saldos existentes em contas correntes dos Blocos de Proteção Social Básica e Especial, Piso Variável de Alta Complexidade (PVAC) e recursos remanescentes do enfrentamento da pandemia de Covid-19.
Além disso, a decisão abrange saldos de programações do Sistema de Gestão de Transferência Voluntária (SIGTV) e de emendas parlamentares destinadas a custeio e manutenção de unidades de serviços socioassistenciais. Dessa forma, esses recursos podem ser utilizados para ações emergenciais, reforçando a resposta do governo à crise humanitária no estado.
A polêmica ganha ainda mais relevância no contexto das eleições municipais. Reportagem da VEJA sugere que as críticas de Melo a Lula podem ter um fundo eleitoral, funcionando como um antídoto à estratégia de sua principal adversária, Maria do Rosário (PT), que deve tentar capitalizar as ações federais no estado e na cidade.
Pesquisa do instituto AtlasIntel, realizada entre 9 e 14 de junho, mostra que Rosário tem uma ligeira vantagem sobre Melo, com 30,2% das intenções de voto contra 24,8% do atual prefeito.
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